Onde está a vida que perdemos ao viver? Onde está a sabedoria que perdemos com o conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos com a informação?
T. S. Eliot, The Rock, 1934
A vida académica tornou-se-me sufocante. Pouco dada às coisas simples, essenciais e urgentes. Cada vez mais subscrita a direitos que protegem uma minoria e legitimam modos exclusivos de pensar e opinar. Aqui incute-se disciplina e obediência enquanto o pluralismo ético e a liberdade intelectual ficam mais limitados.
Sempre admirei aqueles intelectuais que têm a coragem de dizer as coisas que verdadeiramente importam e, de preferência, que vão contra as convenções e convicções da maioria, e as dizem bem, com leveza e seriedade, precisão e clareza, sem ficarem atrapalhados se não usaram os conceitos técnicos ou não elaboraram o enquadramento canônico.

Estes percebem que é na clareza da exposição e na precisão da argumentação, não obstante na narrativa, que está a verdade do conteúdo. Sabem que o pensamento genuíno se insinua por via de confabulações, por estádios da linguagem em que ela ainda é capaz de abraçar a quietude e de enamorar as ideias. Um espaço de negociação entre o cepticismo e a auto-consciência.
Corresponder a este ensinamento de liberdade intelectual, a este despojamento do estilo canônico e a esta atitude vagabunda do pensamento, que almejo conquistar para mim.
Estou empenhado na busca pelo crescimento da minha pegada intelectual e liberdade criativa. Acredito que a inteligência não é tudo. A invenção vem muitas vezes da contemplação de coisas prosaicas.
Na universidade podem classificar-me como quiserem. Aqui, imagino-me como um escritor impelido pela necessidade de querer dizer algo que, de facto, me diz alguma coisa. Aliás, foi sempre esse o gatilho que desencadeou o meu gosto pela escrita. Escrever ajuda-me a dar sentido às coisas que faço, leio, oiço e vejo; ajuda-me a continuar a viver apesar da indiferença do mundo.
Neste sentido, decidi vagar para outros lugares, não só físicos mas também mentais, para recuperar alento, revitalizar a mente, resgatar histórias e maturar as minhas habilidades de escuta e efabulação.
Criei este espaço para confabular, para ir em contra-corrente e ganhar o direito à minha individualidade e liberdade; estimar a minha linguagem e saúde mental; expandir a minha imaginação e auto-reflexão, sem peias normativas e hierarquias.
Encaro este blogue como um diário pessoal, uma oficina para explorar e partilhar o meu artesanato intelectual e artístico, um cais seguro para lançar mensagens para um oceano de informação, na esperança desesperançada, de que alguém as encontre e as leia.
Confabulações é um blogue que busca reconciliar o gozo com o conhecimento e a escrita com o prazer de contar histórias. Serve para divagar e trocar ideias de forma descontraída e despreocupada. É para leitores que não têm medo à loucura das palavras e que acreditam no futuro como imaginação.
Aqui vão poder conhecer o meu lado de artesão humanista e não o de operário tecnocrata da ciência.
Caso seja do vosso interesse conhecer e acompanhar o meu percurso académico, encontram essa informação aqui.